A
Dança do Ventre é uma dança de origem oriental, cujo surgimento exato em termos
de localização histórica e geográfica nos é desconhecida. Ou seja, não se sabe
ao certo onde e nem quando a Dança do Ventre se originou.
A literatura histórica sobre este assunto é escassa e duvidosa, e os poucos
autores que se arriscaram a escrever sobre isso concordam. Há poucos
documentos e registros que atestam o passado histórico da Dança do
Ventre. Devido à dificuldade de encontrar informações confiáveis, surgem diversas
interpretações, teorias e hipóteses.
A mais aceita delas diz que a
Dança do Ventre surgiu no Antigo Egito, em rituais, cultos religiosos, onde as
mulheres dançavam em reverência a deusas.
Com movimentos ondulatórios e batidos de quadril, as mulheres reverenciavam
a fertilidade, celebravam a vida. Ou seja, tratava-se de uma dança
ritualística, em caráter religioso, sem apresentações em público. Essas
mulheres reverenciavam as deusas que acreditavam serem as responsáveis pela
vida da terra, pela vida gerada no ventre da mulher, e pelos ciclos da
natureza.
Há quem diga que ao dançarem as
mulheres também se preparavam para serem mães, já que a movimentação da Dança do
Ventre ajudava a fortalecer a região pélvica, facilitando o parto.
Dizem que quando os árabes invadiram o Egito, eles se apropriaram da Dança do
Ventre e a disseminaram para o resto do mundo.
Dança do ventre
Originalmente
o nome da Dança do Ventre é Racks el
Sharqi , cujo significado do árabe é Dança do Leste. Posteriormente este
nome foi traduzido pelos franceses como Danse
du Ventre e pelos norte-americanos como Belly Dance.
Chegou
ao Brasil, portanto, como Dança do
Ventre, ou Dança Oriental Árabe
ou ainda Dança do Leste que seria a
forma mais correta de chamá-la, de acordo com a tradução do árabe para o
português.
Segundo SHAHRAZAD, a pioneira da Dança do Ventre no Brasil, Dança do Leste foi o nome dado a esta dança
porque “significa onde o sol nasce de onde a mulher recebe as energias e o
poder do Sol”.
Características Antigas e Atuais
Esse
caráter religioso da Dança do Ventre, a qual era realizada em rituais sagrados
em homenagens a deusas, modificou-se.
Raramente
a Dança do Ventre hoje é praticada como um ritual religioso, mesmo que muitos
ainda a vejam como uma prática sagrada.
A característica mais evidente hoje da Dança do Ventre é cultural, artística e profissional.
Cultural
porque ela faz parte da tradição, do patrimônio cultural de muitos países, principalmente
árabes, nos quais a dança é transmitida de uma geração a outra.
Neste sentido, poderíamos dizer que a Dança do Ventre tem o mesmo significado
para os países árabes que o tango tem para a Argentina, o flamenco para a
Espanha e o samba para o Brasil. São danças que compõem o patrimônio cultural
de cada país.
A característica artística e profissional da Dança do Ventre se
manifesta nas pessoas que a estudam, treinam, ensinam se apresentam. Ou seja, quando a Dança do Ventre se transforma na
profissão de muitas pessoas.
Isso
acontece atualmente tanto nos países árabes quanto nos países ocidentais, onde
há bailarinas e professoras de Dança do Ventre.
No passado histórico supõe-se
que a Dança do Ventre tivesse caráter informal de aprendizagem. Ou
seja, não havia escolas que ensinavam a dançar, fato que é muito diferente do
que ocorre hoje. Tampouco havia preocupações quanto à sua técnica, quanto
à sua forma de realização.
Era basicamente uma dança de caráter sagrado praticada somente por mulheres,
nas quais umas aprendiam com as outras informalmente, não necessitando de aulas
para tal.
Muitos anos após seu provável surgimento, a Dança do Ventre passou por muitas e
diversas influências culturais de diferentes épocas e países, e sofreu as
alterações de países ocidentais aonde ela chegou.
Por exemplo, podemos dizer que as suas características de aprendizagem e de
realização modificaram-se bastante. Atualmente, principalmente no ocidente
quando uma mulher quer aprender a Dança do Ventre, ela geralmente faz aulas,
estuda, ensaia, treina. O que mostra sua característica de dança artística.
Improvisada ou coreografada?
Provavelmente em sua origem a Dança do Ventre não era coreografada. Ela era uma
dança improvisada, que surgia de acordo com os sentimentos, criatividade e
reverência no momento de sua execução.
Hoje, como sabemos, ao assistir ou elaborar uma
apresentação, ela pode ser coreografada ou improvisada. Isso depende da
escolha da bailarina, da adequação ao local ou tipo de evento da apresentação.
A Dança do Ventre no Mundo Hoje
A partir do final do século XX, tem-se observado um crescente interesse do
Ocidente pela Dança do Ventre, ou seja, em países americanos como o Brasil e
EUA, e em países europeus como a Espanha, Portugal e França, entre outros.
Este interesse se deve talvez
ao fato de a Dança do Ventre ser muito diferente das danças praticadas no Ocidente, exigindo
uma movimentação e uma estética diferentes das outras danças, assim como as
características musicais.
De acordo com a bailarina e professora HAYAT EL HELWA “A dança foi vista na
Europa pela primeira vez na Mostra Mundial de Paris em 1889, onde foram
trazidos diversos artistas de rua, algerianos, para se apresentarem na mostra”.
Nos países árabes atualmente as
apresentações de Dança do Ventre ocorrem em diversos lugares como casas de
shows, teatros e
nihgt clubs (que geralmente ficam em hotéis cinco estrelas).
Inclusive
muitas bailarinas brasileiras quando vão trabalhar nos países árabes como o
Egito, é nestes hotéis cinco estrelas que elas se apresentam.
Sobre as apresentações, ainda é importante dizer que elas ocorrem geralmente no
palco destes lugares, e quase sempre com uma banda composta de muitos músicos.
Geralmente cada bailarina tem sua própria banda para acompanhá-la.
A dança do ventre no Brasil
A
dança do ventre ganhou visibilidade no Brasil na virada do século XXI. Apresentando-se
como um misto de feminilidade e de religiosidade, essa dança conquistou muitas
praticantes em nosso país, ganhando até status na novela O Clone, da Rede Globo
de Televisão.
Ainda
que se pense que a dança do ventre foi uma moda passageira no Brasil, isso não
é verdade. O Brasil tem algumas das melhores bailarinas de dança do ventre do
mundo, e elas se apresentam aqui no Brasil e também no exterior: Lulu Sabongi,
Shahar e Soraia Zaied ensinam e mostram a arte da dança do ventre na cidade de
São Paulo desde a década de 1980.
Há
um mito de origem sobre a dança do ventre bastante bonito. Diz-se que surgiu no
Egito, em uma época marcada pelo matriarcado, e que a dança era um meio de
expressar o agradecimento à Deusa Afrodite pela fertilidade da terra e das
mulheres. Infelizmente, sabe-se que isso não corresponde à verdade, pois a
História nunca encontrou indícios de grupos matriarcais. Mas o fato é que a
dança do ventre é tradicionalmente transmitida em grande parte do Oriente
Médio: a mãe ensinando a filha e o costume da dança em família entre mulheres
se perpetua até os dias de hoje.
Quando
a dança ganhou popularidade no Brasil, algumas características eram vinculadas
a ela, o que atraia ainda mais as mulheres para a prática:
1) Acreditava-se
que o exercício da dança do ventre estimulava a feminilidade nas praticantes;
2) Que a prática da
dança estimulava uma face da religiosidade feminina, estimulando o lado místico
da mulher;
3) Que como qualquer outro tipo de atividade
física, traria benefícios ao corpo e à saúde. Independente de estimular o
misticismo feminino, o fato é que a prática da dança do ventre traz, sim,
muitos benefícios à saúde – quando praticada regularmente – e estimula, sim, a
feminilidade, uma vez que os trejeitos utilizados na dança passam
automaticamente aos trejeitos do dia a dia.
Os
movimentos fundamentais da dança do ventre são: movimentos redondos; movimentos
em oito; movimentos de mãos e braços; movimentos de cabeça; expressões faciais;
movimentos para tremer algumas partes do corpo.
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Movimentos redondos: é a circundução do peitoral ou do quadril;
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Movimentos em oito: tomando-se o corpo como eixo do movimento, o quadril
desenha um oito, tanto para direita quando para esquerda. Há também o oito em
pé, em que o quadril é deslocado de cima para baixo e vice-versa. Esse último
tipo de oito também é conhecido como “oito maia”;
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Os movimentos de braços e de mãos são marcados pela delicadeza e pela leveza;
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Movimentos de cabeça são, geralmente, marcados pelo deslocamento lateral, tanto
para a direita quanto para a esquerda;
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As expressões faciais são fundamentais para que a bailarina expresse seus sentimentos:
tristeza, alegria e sensualidade são as expressões mais comuns na dança;
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Movimentos de tremer talvez sejam os mais conhecidos. O “shimmy” é uma técnica
corporal utilizada para tremer o abdômen, o peitoral, e as pernas.
A
dança do ventre também pode ser dançada com acessórios. O pandeiro, a bengala,
o véu, a vela e a espada são os mais utilizados. Há também variações mais
modernas nos instrumentos.
Um
último detalhe a ser lembrado é que há duas vertentes diferentes sobre o modo
como a dança do ventre deve ser dançada: existe uma linha de pensamento que
acredita que a dança surge na bailarina de acordo com o seu estado de espírito;
outras bailarinas dançam a partir de uma coreografia previamente ensaiada.
Maria Eduarda
Rosset Rodrigues
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